Eu poderia ter ficado com ele. Eu sei. Todo mundo em volta parece dizer isso. Ele é aquele cara que minha mãe aprovaria, meu pai aceitaria e eu me orgulharia em ter ao lado.
Ele queria me levar pra aquele lugar bonito, se interessou pelas minhas loucuras, sempre se mostrou presente e disse palavras que qualquer garota deseja um dia ouvir de alguém.
Ele tem um papo legal, um futuro promissor, gosta de cachorros, tem jeito com crianças e parece ter tudo sob controle. Na playlist dele toca Pearl Jam, ele me manda vídeos ótimos e, como eu, adora assistir filmes dos anos 90.
Ele persistiu quando eu disse “não” e conseguiu a façanha de não parecer um chato fazendo isso. Isso, definitivamente, é uma tarefa bem difícil de se conseguir.
Ele não fuma e eu odeio cigarros, ele cozinha bem e meu pecado capital número um é a gula, ele tem os pés no chão e eu preciso mesmo de um porto seguro. Uma amiga disse que os nossos signos combinam e embora eu não acredite em nada disso, seria mais um motivo entre tantos outros pra eu tentar.
Ele parecer ser aquele cara que deixa a relação fluir, que faz o tempo voar, que torna os dias mais leves e que traz chocolate nos dias de TPM. Ele tem bom humor, já me arrancou boas risadas, acredita num amanhã melhor, gosta de ajudar os outros e sorri para desconhecidos na rua.
Ele me elogia em detalhes, repara em coisinhas que nem eu vejo, abre a porta do carro e oferece o casaco nos dias frios. Ele me abraçou com força, pegou minha mão com vontade e me beijou devagar. E Deus sabe como eu prezo esses sinais.
Ele me fez acreditar que ainda há pessoas que valem a pena por aí. E eu sei que poderia ficar dias citando várias outras qualidades dele e ainda não seria justa, é claro que sei também que ele deve ter trilhões de defeitos, mas eu fui embora antes mesmo de notá-los.
Eu esperei, tentei ‘deixar acontecer’, porém, o tempo passou e não aconteceu. E, sinceramente, não dava pra dar uma de Summer e levar isso por 500 dias.
Ele pensou que fugi, que foi por medo e que não estou preparada pra um relacionamento tão cedo. Infelizmente não é nada disso. Seria mais fácil se fosse. Precisei ir e nem ao menos sabia o porquê.
Fui e pra me convencer de que não estava fazendo uma grande besteira, prometi a mim mesma que escreveria o motivo pelo qual eu não quis ficar com ele.
Depois de muito pensar em uma explicação, eu desisti. Não há nada de errado com ele. Nem comigo – eu acho. Eu não gosto de outra pessoa. Não conheci ninguém novo. Não estou presa a nenhum passado e já não idealizo o futuro.
Mas não teve aquele estalo, o riso bobo no meio do dia, aquela coisa a mais, o frio na barriga, a vontade de abraçar e nunca mais soltar ou de dar as mãos e revolucionar o mundo. Não sei, só não deu. E se nem a gente está com os dois pés no barco, é injusto pedir pro outro continuar lá dentro e embarcar junto.
É. Ficou bem nítido no final. Ao pensar nele, eu vi centenas de razões. Quem dera não as visse. Sim. Porque quando é amor chega a ser difícil explicar, a gente apenas sente. (Jessica Delalana)
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