Eu poderia dizer muita coisa. Mas quanto mais eu falo, menos me faço compreensível. Eu tenho esse dom de começar um papo de sentimento e de repente me ver discutindo a crise de 1929. Pra não me perder muito, uso apenas uma frase: Vem comigo.
Vem comigo. Eu preparei um lanchinho pra gente não passar fome, deixei a água no congelador até agora pra ir derretendo no caminho, enchi o tanque, aumentei o limite do cartão, salvei músicas velhas na playlist, trouxe café na garrafa térmica e tenho um plano infalível na cabeça: Não fazer plano algum.
Vem comigo… Sem rota mesmo. Vamos parar em alguma cidadezinha desconhecida, falar com estranhos, fazer amizades instantâneas, dormir num hotel barato, brincar de guerra de travesseiros na madrugada, acordar os hóspedes com risadas, beber uma garrafa de vinho de posto e se embolar num edredom de casal.
Vem comigo! Eu não vou usar GPS, mas aposto que tem algum Frango Assado por aí e isso costuma me tornar uma ótima companhia. Vem. Vamos curtir a estrada, observar o céu mudar a cor, buzinar pros outros carros e rir da cara de quem não sabe como é bom ser doido.
Vem comigo. Sim. Você mesmo. Porque eu pensei aqui e não existe outra pessoa nesse instante que eu imagino no banco ao lado me distraindo com assuntos bestas. Vem, vamos explorar o que ninguém descobriu, fazer o caminho inverso dos turistas, fugir dos lugares onde todo mundo vai. Eu sei, é maluquice. Mas é bom. E mesmo que fosse ruim, não seria mais com a gente lá.
Vem comigo. O percurso que nos surpreenda, não avisa ninguém. Tenho uma ótima desculpa pra dar se perguntarem sobre o nosso sumiço nesse final de semana. Deixa o vento ser nossa única testemunha. Fala bastante, conta tudo de novo, não temos horário. Ainda é sexta. Só faz de conta que não existe segunda-feira.
Vem comigo. Vamos estacionar no meio do nada e conversar com o próprio eco. Sem peso do futuro. Vem. Por 48 horas. Vamos varar noites, ganhar olheiras, contar estrelas e gastar calorias juntos no banco de trás.
Vem comigo. Eu divido meu pacote de amendoim com você, te mostro minha foto horrível do RG e te ensino a letra daquela música brega que ninguém sabe que eu sei de cor. Vem, entra aqui. Não esquece do cinto e do seu sorriso. Não precisa de mais nada, não.
Vem comigo! Tô aqui embaixo. Desce agora. Perdemos tempo demais de vida já. Vem. Foge dos problemas, se desliga de tudo, apaga aquele alguém do passado e finge que não tem como isso dar errado. Eu te devolvo são e salvo depois. Ou quase. Mas vem.
Vem comigo. Eu não te explico no caminho, mas eu te mostro. E se você me mostrar também, na próxima, juro, eu é que vou com você. E aí juntos a gente decide se volta… ou se vai de vez.
(Jessica Delalana)
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