Ela sentiu saudades. Na verdade, ela nunca deixou de sentir. Pegou o celular, abriu o Whatsapp dele, digitou “Oii”, apagou, escreveu “E aí”, também deletou. Ficou ensaiando alguma frase, digitou letras no ar sem tocar as teclas e nada saiu. Achou chato mandar. “Sexta à noite. Ele deve estar com alguém, talvez com a garota da foto.” Vai ver foi melhor assim.
Curiosamente, aquela noite ele pensou muito nela. Na realidade, ele nunca deixou de pensar. Pegou o carro e resolveu dirigir todos os quilômetros que os separavam. Mas pensou que ela poderia não gostar nada disso. “Ela deve estar saindo com aquele cara que vivia falando com ela.” Desviou o caminho e parou no bar. Era o mais sensato.
Os dois dormiram tarde. Os dois dormiram sozinhos. Ou não. Pode ser que ele tenha ido embora com a menina bonita de vermelho e que ela tenha aceitado o convite do cara que saiu mês passado. Não sei e não importa. O que sei é que acordaram sozinhos e que, no dia seguinte, continuaram a sentir o mesmo… E no outro também, e no outro mais ainda.
Um achava que o outro não lembrava mais aquilo que os dois desejavam esquecer. Cogitaram novamente escrever ou, quem sabe, ligar. Aí leram a mesma frase que uma amiga em comum compartilhou no Facebook, que dizia algo parecido com “Quem realmente sente sua falta, te procura”. Concordaram e resolveram seguir… Cada um com seu orgulho, estranhamente disfarçado de bom senso.
A frase tinha sentido. O problema é que o amor não faz sentido às vezes. Minto. Não faz sentido quase sempre. Talvez ambos tenham razão. Mas como diria Renato “Quem um dia irá dizer que existe razão pras coisas feitas pelo coração?”
Esse não é um texto para criticar a atitude deles. É normal. Tem a ver com proteção. Depois de dar de cara no chão mais de uma vez, a gente tem medo de pular dois degraus da escada. Só que com medo de dar errado, também não conseguimos fazer dar certo. Dá no mesmo.
Não. Não vou me alongar nisso. Eles, provavelmente, ouviram muito sobre aquele papo todo que o “não” você já tem e que apenas corre risco do “sim”. Se não fez diferença até hoje, certamente, não fará agora. Se entre sentir falta e procurar, há algo chamado orgulho. Entre ler tudo isso e resolver mandar a mensagem, falta algo chamado coragem. Somos, portanto, um bando de covardes?
Não. Não vou dizer pra ninguém mandar a mensagem ou pegar o carro. A maior parte das pessoas não faria isso. O único problema é que a maioria delas não é o que se chama de exemplo de nada.
Eles ainda não entenderam. Espero que não percebam tarde que não tem a ver com estar errado. Eles podem mesmo estar certos. Só que, no final, estar ou não certo, não faz diferença. Estar feliz é que faz.
Entre o orgulho e a procura, vale mais a pena acabar com a falta… ou, pelo menos, com a dúvida. (Jessica Delalana)
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