De novo me pego esperando por seu sinal de vida, que não vem. Me pergunto se você pensa o mesmo agora. No começo era tão mais fácil. Você parecia gostar de se fazer presente a todo momento. Ultimamente tem sido o inverso, ficamos nesse vácuo infinito, até você aparecer me dizendo que está farto de ser aquele que toma a iniciativa.
Eu te entendo. Sério. Nós dois entramos nessa ‘brincadeira’ sem graça… Se um demonstra mais, o outro parece se importar menos e, pronto, temos um círculo vicioso. Não deveria ser assim, deveria ser natural, simples, divertido… Não é. Só agimos de caso pensado. Às vezes me sinto num esconde-esconde sem fim, onde revezamos quem é que procura quem. Isso distrai para não irmos, mas não nos convence a ficar.
O pior é que não é só com a gente. É quase um mal do século essa batalha de egos, que não tem nem sentido nem vencedor. Surge como uma espécie de jogo movido por pessoas que se machucaram a ponto de optarem por não entrar mais inteiramente em nenhuma história, até sentir uma segurança plena, que nunca vem.
Colocamos um pé na água na esperança de, ao menos, proteger o outro. A questão é que quem não embarca totalmente em algo não vive aquilo por completo, sabe? E assim se faz uma geração que coleciona centenas de histórias ao meio.
Se todos resolvessem deixar claro o que levam no peito, teríamos muito menos confusões, frustrações e enganos… Ele saberia se ela não está mesmo a fim ou se é receio. Ela saberia se é insegurança dele ou pura falta de interesse. Olha que louco, todo mundo sairia na vantagem!
Somos apenas dois desses outros tantos medrosos. Tememos perder algo que sequer possuímos. Já parou pra pensar? O que temos REALMENTE a perder além de um orgulho tosco que apenas serve pra afastar?
Calculamos milimetricamente cada passo, como quem anda por um campo minado, quando tudo que eu queria era correr sem destino com você. Não consigo mergulhar mais fundo, algo me puxa de volta enquanto sei que a beleza maior está lá embaixo.
Eu poderia te dizer tudo isso… Te ligar, mandar mensagem, acabar com esse silêncio ensurdecedor. Eu sei. Mas agora é tarde, a ampulheta diz: Nosso tempo se esgotou.
Estou cansada. Não tenho mais idade para brincar de ‘não me importo’. Fechei o tabuleiro, larguei os dados e guardei a caixa. Melhor ficar nessa mudez antes que as palavras se tornem mais uma de nossas jogadas.
É… Ambos jogamos e, por isso, perdemos. Se tivéssemos ignorado as regras e focado na diversão, né?! O que nos entreteve até ontem é o que nos derrota hoje. Belos perdedores somos… Não entendemos que o amor pode ser dupla, time, parceria e até equipe, mas nunca competição.
Jamais houve prêmio, vencedor e tampouco troféu. Porém, sem rivalidade conseguiríamos ganhar algo bem maior que tudo. Mas escolhemos fazer parte dos que preferem ficar com o orgulho inteiro e amor pela metade… Outra vez.
(Jessica Delalana)
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