Faz de conta que eu não vou sentir sua falta, que esqueci o número do seu celular tão fácil quanto apaguei dos meus contatos e que sequer lembro o nome do seu cachorro.
Faz de conta que você foi só mais um, que eu nunca imaginei que a gente daria certo junto e que, pra mim, era apenas diversão.
Faz de conta que eu não suporto mais o seu perfume, que sou indiferente a tudo que me diz e que eu nunca deixei de pensar naquele cara do passado.
Faz de conta que aqueles riffs de guitarra não me remetem a você, que na minha geladeira não tem a sua cerveja preferida e que eu odeio o som do seu nome.
Faz de conta que menti sobre os meus sentimentos, que foi só pra não ficar chato e que continuei com você por um misto de carência, comodismo e receio de ficar sozinha.
Faz de conta que vou continuar pedindo o mesmo cappuccino que a gente gostava de dividir no Café do centro e que o gosto dos palitinhos de chocolate continuará o mesmo.
Faz de conta que eu não me sinto mais atraída por esses seus olhos de sono, que seu sorriso torto não consegue me dobrar inteira e que seu abraço de urso jamais foi o meu porto seguro.
Faz de conta que eu não sinto falta das sextas varadas, dos sábados de risos intermináveis, dos domingos preguiçosos e das aventuras a dois na cozinha.
Faz de conta que eu não dou a mínima para o que você pensa, que não ligo se você vai sentir saudades, que eu quero que conheça uma garota bonita e que não me preocupo se ela te fará mais feliz do que era comigo.
Faz de conta que não existiram lágrimas de felicidade com aquelas suas cartas, que eu não achava fofo o modo como você falava da sua vó e que eu não admiro essa sua teimosia boa, que é chata e, ao mesmo tempo, encantadora.
Faz de conta que os arrepios eram só o efeito do frio, que eu me arrependi de ter te dado o meu número naquela tarde e que você foi o maior erro que cometi até aqui.
Faz de conta que o meu Whatsapp não vai ficar entediante sem as suas mensagens diárias, que as festas são melhores que os nossos bares e que o meu Netflix nem se importará com a sua ausência.
Faz de conta que você me irrita mais do que o despertador na segunda-feira, que enjoei de você igual fiz com a música do Bruno Mars (aquela que ouvi um milhão de vezes sucessivas) e que você é mais monótono que a TV aberta aos domingos.
Faz de conta que seu papo é tedioso, que seu gosto musical é péssimo, que o livro que você me deu é o mais chato da historia e que o ursinho daquele Dia dos Namorados está no lixo porque não vale mais a piora da minha rinite.
Faz de conta que sonho estar bem longe logo, que é fácil te deixar aqui sem olhar pra trás e que não tenho medo do que me espera lá fora.
Faz de conta… Porque nesse nosso ‘Conto de Fadas’, os ponteiros do relógio indicam mais de meia noite, a carruagem virou abóbora e a princesa não esqueceu nenhum dos sapatos porque segurava o par nas mãos pra dor não impedi-la de continuar dançando… Pela escadaria, ela saiu correndo descalça e triste ao ver o seu ‘felizes para sempre’ ser transformado em ‘era uma vez’.
Faz de conta você dessa vez… Porque eu me cansei de fazer de conta que você ainda se importa e que a gente continua sendo o que foi um dia: Realidade.
(Jessica Delalana)
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