Talvez não seja saudade de você o que sinto quando tomo banho e não vejo sua lâmina de barbear no boxe, nem sua toalha pendurada na parede do banheiro.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando chego em casa e não vejo seu chinelo na entrada, nem ouço o som alto das músicas que você costumava escutar.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando vou passear no shopping e não tenho você pra andar de mãos dadas ou quando no carro não existe você do meu lado sorrindo e dividindo o câmbio comigo.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando eu peço a pizza com os dois sabores que eu mais gosto e não tenho você pra tentar me convencer a escolher outro ou pra roubar todas as minhas azeitonas.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando me recordo das nossas conversas malucas, das nossas noites em claro e das nossas risadas infinitas.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando percebo que meus finais de semana estão mais cheios e, ao mesmo tempo, mais vazios.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando olho na geladeira e não existe recado fofo seu preso no imã e quando abro não tem a sobra do jantar que você preparava todo final de semana.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando noto que não dou conta da comida no prato e você não está lá pra comer toda a minha sobra.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando me lembro de como você mordia a ponta da minha orelha, beijava o meu pescoço e puxava o meu cabelo pela nuca.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando assisto TV e o sofá parece bem maior e vejo que no lugar onde ficava o seu videogame, agora existe um espaço vazio.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando no sábado não tenho você pra assistir filmes pela metade comigo e pra dormir de conchinha.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando vejo um casal na rua e lembro como combinávamos tanto e como eu queria que tivéssemos dado certo.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando vejo você em cada cômodo, quando crio diálogos nossos e até imagino escutar a sua voz.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando olho no calendário e noto que apesar de fazer pouco tempo que não te vejo, envelheci uma eternidade por dentro.
Talvez não seja saudade de você o que sinto quando percebo que hoje os beijos já não têm a mesma graça, as conversas não têm a mesma qualidade e os abraços não têm o mesmo carinho.
Talvez não seja saudade de você. Talvez seja apenas saudade da época que eu não sabia o que era sentir saudade de ninguém.
(Jessica Delalana)
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