Dias atrás você me ligou. Olhei duas vezes para a tela do meu celular pra me convencer de que era mesmo o seu nome piscando ali. Eu não atendi. Você mandou mensagem. Falou algumas coisas aleatórias e no final disse que estava com saudades. Pensei que você tinha bebido e não respondi.
Na manhã seguinte, você enviou outra dizendo que precisava muito falar comigo. Eu ignorei. Mas você não se convenceu. Continuou a ligar e a lotar meu Whatsapp de tiques azuis. Na última vez, falou que eu deveria deixar o orgulho de lado e ouvir o coração.
Eu não ia te responder. Sério. Eu sou louca varrida por diálogos, porém, às vezes o silêncio explica mais e cansa menos. Ultimamente ele tem sido minha melhor escolha. Mas cê apareceu na portaria com os dois ingressos do show dos Los Hermanos, que eu te contei que queria ir. Achei que a sua insistência incansável e a minha antipatia por coisa mal resolvida mereciam uma resposta decente.
Antes de tudo, peço pra você poupar suas cordas vocais. Eu sei exatamente o que vai fazer. Você vai explicar o porquê do seu sumiço nessas semanas, me encherá de desculpas convincentes e atuará tão bem quanto um ator que ganha o Oscar. A questão é que, assim como esse seu discurso bonito, por mais envolvente que seja o enredo, a gente sabe que não é real… E esse filme eu já vi, decorei as falas e cada vez mais fictício me parece.
Não vou negar que me encantei fácil por você, que quando você apareceu deixou tudo em volta mais bonito e que cheguei a imaginar um futuro pra gente. É verdade. Mas quando você sumiu do nada sem nem ter a decência de se despedir, percebi que apenas eu embarquei nisso e que deveria continuar a viagem sozinha.
Para. Não adianta tentar me convencer. Não é o orgulho que me proíbe. Chega. Isso não é um jogo, é a minha vida. Não quero alguém que entra nela, faz uma bagunça qualquer e vai, deixando a porta aberta pra voltar quando bem entender. Essa porta eu fechei faz tempo, depois de noites tentando entender o que você nunca me disse.
É… Demorei dias pra me convencer. Não nego. Pensei que tinha acontecido alguma coisa séria pra você ir como alguém que foge de casa e não leva sequer uma muda de roupas. Eu esperei e me culpei, confesso. Nos julgamos muito espertos, mas a paixão deixa a gente mais tonto que um adolescente sob efeito da tequila. Ainda bem que o porre sempre passa e a consciência vem. O meu também passou.
A única coisa que peço é que respeite e saia do caminho, existe um show me esperando e não quero me atrasar. É. Eu tenho o meu ingresso. Você não sabia porque não tava mais aqui quando eu comprei. Arruma outra companhia e entenda que na nossa breve história de longas desculpas, sou eu que dou a última delas: Desculpa, mas não dá.
(Jessica Delalana)
* Esclarecimento: A imagem utilizada no post não é de minha autoria. Na presença de qualquer problema relacionado aos direitos autorais, favor entrar em contato.
– Esse é o primeiro post faz da série de postagens coletivas de diversos escritores lindos – os Escritores da Era do Compartilhamento -, que se uniram dessa vez para criar histórias com o tema: “Não me venha com desculpas tortas”. Esse foi o meu texto. Todos os outros links estão abaixo:
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